segunda-feira, 22 de novembro de 2010

Jornal da UFMT publica artigo sobre o Abracadabra



O Jornal da UFMT (ANO III/EDIÇÃO Nº 3/ SETEMBRO DE 2010) Publicou um artigo falando do projeto "Abracadabra", que traz pelo título "Projeto de Contação de Histórias leva magia e encanto a crianças de Barra do Garças". Abaixo, confira o texto na integra:

"O cenário é um barracão de madeira, ocupado durante muito tempo por materiais de construção que, atualmente, fazem parte da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), Campus do Pontal do Araguaia. A chegada da UFMT no município abriu portas para os que sonhavam fazer um curso universitário, mas também significou novas possibilidades para centenas de crianças que, hoje, participam do projeto "Abracadabra: Contadores de História".
O pojeto foi criado há mais de dez anos, no Departamento de Letras do então Instituto de Ciências e Letras do Médio Araguaia (ICLMA), pela professora Sônia Maria Rezende, especialista em Literatura Infanto-Juvenil que, depois de longa experiência com crianças alfabetizadas em escolas públicas, percebeu que o hábito de ler estava cada vez mais comprometido. Sônia rezende faleceu em um acidente de carro em 1995, mas os contadores de histórias continuaram a trabalhar, com o apoio e incentivo de outros professores, como Orlandina Marques de Farias e Nilmar de Aquino.
Hoje coordenado pela professora Maria Claudino da Silva Brito, o grupo é formado por professores da rede pública de ensino e por estudantes do curso de Letras da UFMT, que se reúnem toda semana para estudar as maneiras de trabalhar em prol do exercício da leitura. Segundo Maria Claudino, em artigo publicado na Revista VIVA - Extensão em Revista, ler é amplo como o infinito que nossos olhos não conseguem ver até o fim. Ler é tão profundo como o pensamento que vai até mesmo aonde não queremos que vá". Em outras palavras, de acordo com as experiências de cada um, a leitura pode proporcionar diferentes sentidos, em níveis variados.
Por isso, para Maria Claudino, incentivar a leitura não significa apenas querer que as pessoas se informem, mas que também despertem o senso crítico e tenham ciência de seus direitos e deveres, como cidadãos. "Esse grupo de contadores de histórias tem um objetivo claro e definido, entre tantos outros: formar e enriquecer o hábito de ler, não de maneira forçada, mecânica, mas pela arte, pelo lúdico, pela liberdade e, nem tampouco de forma ingênua, mas enriquecendo uma visão de mundo, desenvolvendo o senso crítico e a criatividade e aprimorando a subjetividade de cada um", explica.
No barracão ou nas escolas, o grupo se reúne com crianças, jovens e adultos e realiza diversas atividades. Inicialmente, os integrantes se apresentam e cantam uma música composta em 1994, por membros do projeto, baseada na obra de Betty Coelho, "Contar histórias: uma arte sem idade". Em seguida, cada um dos contadores apresenta uma história, de forma variada. Maria Claudino observa: "Nesse momento, percebe-se que os contadores se doam ao público que lhes assiste. O ambiente se transforma e os ouvinte se entregam para a viagem por meio das narrativas. É um momento de magia, encanto e leitura". Depois, os contadores distribuem livros para o público e, por último, realizam brincadeiras com materiais feitos por eles mesmos, com sucata.
É assim que a Universidade divide um pouco de seu conhecimento com a comunidade de Barra do Garças. Nas palavras da professora: "assim, trabalha-se a linguagem. Linguagem como 'encantamento e sedução', que desperta o imaginário, os sonhos, as fantasias, mas, também, linguagem como 'conhecimento-comunicação' que leva à formação da consciência de mundo, de vida, que leva à liberdade e à justiça social".